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dois olhos azuis
cansados
e pesados
no meu ombro

duas mãos 
de dedos longos
em volta 
do meu 
pescoço

tão sutil
a sua tristeza
que pareceu 
um afago

um abraço azul
dos olhos mais
oceânicos
que 
eu já
vi (?)

eu sei que
mergulhei
bem fundo
na dor de ter você aí
numa casa que não é minha,
e numa dor que não 
é minha
propriedade.

a dor de ter
uma
presença
física

ter o
nada
ou ter
o tudo
que eu jamais
vou conseguir
acessar.

mas se você quiser
eu meto a mão aí dentro
dessa água densa
e te puxo 
pra respirar 
só um pouquinho
do meu lado,
nem que seja só
uma noite
aonde a gente se enrosque
e se encoste
pelo coração.

peito adentro
tudo vai bater
igual mesmo.

quando amanhece
a gente esquece
e tá bom assim
porque carinho 
é grátis
e ainda
dá 
pra entregar
pela via expressa 
da contramão.




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