Sem título



escrevi 
cem vezes
e apaguei 
mais cem vezes 
um convite
pra te Servir
um café

mas aí eu lembrei:

que você 
odeia café
e mesmo que eu te oferecesse
um chá
não Serviria
pra esquecer

o que a gente deixou 
atrás de janeiro,

que o resgate 
daquilo que 
quase foi
custa caro demais

e que
nem eu,
muito menos 
você,

afim
de 
pagar 
essa 
conta

que custaria
trocar
uma noite
por mil 
e quinhentos dias
em que só existiria
um verdadeiro mar de
nada
de nós.

ainda assim,

eu faria a
confusão
desse chá e

eu passaria 
esse café,

nem que fosse 
pra beber
tudo
Sozinha
no copo 
invisível
das tuas 
mãos.

nem que fosse
pra sentir
o gosto
amargo
do 
não
descer 
fundo 
pela goela
seca
e cair 
na boca
do meu 
estômago,

porque a Sede
que você deixou
quando não quis mais
estar aqui

não morre.



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