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Se escrever é sentir duplamente, então já não tenho corpo e dedos que se possam mais magoar. É como estar diante de um oceano, enquanto chove lá fora, e sentir o meu olhar a esvaziar-se na tua maré ondulada. Olhar para as minhas mãos, retrácteis, cicatrizadas e sentir a electricidade no ar. Luz branca de espuma rarefeita em ar frio que vai escurecendo. Era assim que te via. É assim que te escrevo. Olhava-te com a magia das palavras na ponta dos dedos e agora, que és raio dourado e particulado, és electricidade que não morre. Espuma que não desaparece. Agora é como olhar-te no dorso da minha mão e lembrar-me do tecido de que eras feito. É rever-te em todos os corpos brancos. Olhar para outras marés e ver sempre as tuas. Agora, és todo o oceano que consiga alcançar. Agora, és todo o texto que consiga aperfeiçoar.
telhado de surdas.
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